AFONSO LOPES VIEIRA
Afonso Lopes Vieira (1878-1946).
Saudades não as quero

Bateram fui abrir era a saudade
vinha para falar-me a teu respeito
entrou com um sorriso de maldade
depois sentou-se à beira do meu leito
e quis que eu lhe contasse só a metade
das dores que trago dentro do meu peito.
On frappe à la porte : c'est la saudade
Qui vient pour me parler de toi.
Avec aux lèvres un sourire mauvais,
Elle vient s'asseoir au bord du lit,
Me priant de lui conter - « juste la moitié, ça suffit » -
Les peines que je porte en mon cœur.
Não mandes mais esta saudade
ouve os meus ais por caridade
ou eu então deixo esfriar esta paixão
amor podes mandar se for sincero
saudades isso não pois não as quero.
Ne m'envoie plus cette saudade
Entends mes plaintes de grâce, ou sinon
Je laisse refroidir cette passion.
Envoie-moi de l'amour, s'il est sincère
Mais ton bon souvenir, je n'en ai que faire.
Bateram novamente era o ciúme
e eu mal me apercebi de que batera
trazia o mesmo ódio do costume
e todas as intrigas que lhe deram
e vinha sem um pranto ou um queixume
saber o que as saudades me fizeram.
On frappe encore, j'entends à peine :
C'est la jalousie avec sa profusion de haine
Et toutes ces intrigues par elle accumulées
Elle passe afin de constater,
Sans une larme, sans un cri,
Dans quel état la saudade m'a laissé.
Afonso Lopes Vieira (1878-1946).